segunda-feira, 11 de maio de 2009

Lágrimas para todos

domingo passado
foi dia da vontade de viver
aquilo que há muito não dava
nem pra morrer tranquilo.

nesmo pleno em dor
acompanhei a celebração
da eterna amizade
e os seus pulsos sem controle.

comungar é preciso
quando, do outro lado,
se ouve gritos,
pedidos de socorro.

se eu não estivesse mais
entre todos os outros
poderia libertar neles
o desejo do meu retorno.

em casos como este
a falta gesta a lágrima,
mas é no adeus
que ela pode nascer.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

O Segundo Lugar

- O dinheiro não traz a felicidade
assim se apresentou o dono da festa
depois, com capricho, completou:
- manda buscar

teria a sua alma
sorte ou azar,
por expressar as suas certezas
de maneira tão rasa?

no meio da noite
ele levantou assustado:
as luzes estavam acesas.
acordou ao sentir a sua fortuna escoar.

o que é o poder
perante a dúvida
e a certeza do adeus?
um conforto?

- o segundo lugar.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Cruz Adágio

vá de barco, meu querido
que o lar dos velhos
mesmo distante
nos deixa em paz

devagar é mais gostoso
dá tempo de lembrar quem ficou
e o que de lá lembra
todo o seu amor

se o tempo for curto
carrege esse lar
leve-o contigo
que ele acomoda sem pesar

quando voltar
nos traga presentes
encha a memóra de pertences
que só você sabe dar.

[poema presente: querido amigo Pete visitando a Alemanha]

sexta-feira, 1 de maio de 2009

A Passagem dos Escravos

no meio do caminho a exposição encontra com o fim dos tempos.
da expressão desperta um belo abismo
e os velhos que nasceram do outro lado
despem-se das antigas mentiras

quem pede pelo número
amarra os pés do atrevimento.
só as máscaras da alma
sustentam opções de cura
e uma infinidade de limitações

a maquiagem do escravo descolou
aboliu a privação do coração.
da miséria fez-se fé
e num dispado ele se atirou na contramão.

salta, salta moleque triste
que é do outro lado que o caminho continua.
cair no abismo não é pior que esperar a ponte
em uma vida cheia, sem sol e sem lua.

foi assim que muitos se foram
é desse jeito que quem fica se vai
não é preciso entender
pois na estrada o passo é incomum.