Lar sem fim
meu pai abriu a porta
e aberta ela ficou.
mudou-se para o lar sem fim
e só saudade deixou.
O mundo não é belo, nem as fadas encantam, são suas coisas que vibram em cores e as pessoas que se enganam. "BemVindo" ao mundo das coisas de prata! Aqui tudo se junta e se separa. A dor é alimento para novas "vitórias" e a sobrevida carrega uma vontade que procura a "paz".
meu pai abriu a porta
e aberta ela ficou.
mudou-se para o lar sem fim
e só saudade deixou.
Postado por CoisasDePrata às 07:34 3 comentários
quem afirma o sentido que isso tem?
se a liberdade pertence
ao mundo dos sonhos, do consumo,
quanto dela é pesadelo?
quanto dela só nos faz bem?
meu coração se anima
fora das luzes da noite,
longe dos desenhos de hoje,
das imagens sem alma,
que não brotam mais em mim.
encontro, a contra gosto,
gente desesperada, que não aguarda.
sonhadores de um mundo mais fácil,
apaixonados por nada,
em momentos instantâneos.
quando é que se pode
trocar abraços por aplausos,
amigos por platéia?
quando o espelho é o único que reflete,
a imagem de hoje, a luz que se empresta.
Postado por CoisasDePrata às 16:25 1 comentários
Eu falo o português mal dito,
separado do meu apego,
porque sou brasileiro
e aqui me comunico.
escrevo simples,
porque é assim que gosto de ler.
as palavras que me resolvem
são as mesmas que peço algo pra beber.
eu pego de dentro
as histórias que trago pra fora.
conheço gente que se enfeita,
pra valorizar o lugar onde mora.
esses, de interior recipiente,
não me tem respeito, não me prendem.
os que me amam,
de mariposas entendem.
dia a dia, pouco a pouco,
eu me desfaço.
carrego de volta o meu traço,
aguardo por um tempo de cansaço.
observo:
amo gente interessante,
não quem precisa ser.
nem elas me amam tão bem.
Postado por CoisasDePrata às 01:18 4 comentários
não me olhas
porque me queres
bem distante
das tuas cores.
no teu samba
eu sou ninguém,
um alguém
que brilha pouco.
não vês
que este escuro
é de um tempo
sem mentiras?
queres amigos
mais importantes,
todos sempre tão elegantes,
que completam a tua estante.
saibas que eu sou muito feliz
por gostar de ti.
que culpa tenho
estar aqui?
sinto que um dia
me verás diferente,
terás mais orgulho
do teu vidente.
seremos belos,
novamente.
Postado por CoisasDePrata às 15:46 13 comentários
é violento demais
esse jeitinho paulistano
que se fecha atrás do pano
para me desenhar cigano.
é descarado
o fanclube moderninho:
falsificado nas chapas,
de gosto próprio, de descaso.
gritam frases caladas, grafadas,
pintam protesto em panos,
em trapos mal lavados
com águas de outros riachos.
encontram:
um desejo de prazer
num sonho que ninguém acorda,
na fantasia de valor feliz,
só.
Postado por CoisasDePrata às 17:17 1 comentários
o poeta cansou.
enquanto todos estavam onde se dorme,
observou o mundo pela última vez:
não mais viu a luz da manhã.
triste e cheio de nada,
neste curto presente, pensou:
"a vida é a causa que se perde",
calou.
o silêncio
apagou o seu pequeno passado de rotinas,
abriu a gaveta dos desgostos
e a desfez.
ante a partida,
desejou encontrar tudo que havia perdido,
abraçou-se em um impulso por amor,
pulou.
Postado por CoisasDePrata às 18:16 4 comentários