segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A luz que se empresta

quem afirma o sentido que isso tem?
se a liberdade pertence
ao mundo dos sonhos, do consumo,
quanto dela é pesadelo?
quanto dela só nos faz bem?

meu coração se anima
fora das luzes da noite,
longe dos desenhos de hoje,
das imagens sem alma,
que não brotam mais em mim.

encontro, a contra gosto,
gente desesperada, que não aguarda.
sonhadores de um mundo mais fácil,
apaixonados por nada,
em momentos instantâneos.

quando é que se pode
trocar abraços por aplausos,
amigos por platéia?
quando o espelho é o único que reflete,
a imagem de hoje, a luz que se empresta.

Um comentário:

Anônimo disse...

Você toca num aspecto que penso sempre (é este que tem muito do que conversamos?!)...as paixões...sabe por que se troca abraços por aplausos e amigos por platéia?
Quando as paixões se sobressaem ao que deveria ser amor. A paixão é movida pelos instintos. O amor pelos sentimentos...mil vezes viver movido por um amor do que pela paixão...a paixão cega, engana...deixa uma imagem de hoje que nem se sabe mais se é luz, se é vela, se é cor...se apagou...mas espelho é sempre espelho...nem sempre vemos o que desejamos...o espelho é o reflexo do que fazemos de nossas paixões e de nossos amores. Só quem se vê no espelho sabe o que o move...
Talvez quem goste mais da platéia sofra menos e quem queira os abraços sofra mais. Não porque o segundo é um infeliz, mas porque ele sabe que um dia as luzes apagam...e fica só a imagem refletida. E quem (des)aparece nela?...
A platéia cansa, adormece. os abraços afagam lembranças, no mínimo lembranças...
Nossa! Você me fez pensar MESMO agora!